Autor: Marcelo Rubens Paiva
Classificação Etária: 14 anos
Nota:




Este livro foi cedido pela Editora Companhia das Letras, porém as opiniões são completamente sinceras. Não sofremos nenhum tipo de intervenção por parte da Editora.
Resenha:
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Sinopse:.
O livro que deu origem ao filme estrelado pela vencedora do Globo de Ouro Fernanda Torres e indicado a 3 categorias do Oscar 2025, incluindo Melhor filme.
Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras.
Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento obscuro da história recente brasileira para contar ― e tentar entender ― o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971
Este livro foi cedido pela Editora Companhia das Letras, porém as opiniões são completamente sinceras. Não sofremos nenhum tipo de intervenção por parte da Editora.
Resenha:
Alguns livros não são apenas histórias – são gritos contra o silêncio. "Ainda Estou Aqui", de Marcelo Rubens Paiva, é um desses. Com uma narrativa intensa e profundamente pessoal, o autor nos convida a revisitar sua própria história familiar, marcada pela brutalidade da ditadura militar no Brasil.
O livro entrelaça duas ausências dolorosas: a de seu pai, Rubens Paiva, deputado desaparecido em 1971 após ser preso e torturado pelo regime militar, e a de sua mãe, Eunice Paiva, cuja memória foi apagada aos poucos pelo Alzheimer. O desaparecimento de um e o apagamento do outro formam um retrato devastador da injustiça e da passagem do tempo.
O livro não é só sobre a dor da perda, mas também sobre resistência. Eunice, que levava uma vida tranquila dentro dos padrões da elite paulistana, viu sua rotina virar de cabeça para baixo depois que o marido desapareceu. O que começou como uma busca desesperada por notícias dele, logo virou uma luta por reconhecimento e justiça. Foi só em 1996 que ela conseguiu um atestado de óbito para Rubens Paiva, depois de anos enfrentando o Estado e suas mentiras.
Enquanto Eunice lutava, os filhos cresceram no meio desse turbilhão de incertezas. Cada um lidou com a perda de um jeito, mas a ausência do pai era uma constante. O livro também mostra o impacto do tempo nessas memórias. Quando a Comissão Nacional da Verdade começou a trazer à tona novas informações sobre o caso, Eunice já estava lidando com a perda da própria memória, por conta do Alzheimer. Essa parte é especialmente dolorosa, porque quando, finalmente, as verdades sobre Rubens começaram a aparecer, Eunice começou a esquecê-las.
O jeito que Marcelo conta essa história é sensível, cru e humano. Ele não transforma seus pais em heróis inalcançáveis, mas mostra suas fraquezas e suas lutas do jeito mais real possível. É impossível não se emocionar com os detalhes da relação entre mãe e filho, com os momentos de lucidez de Eunice e com as reflexões sobre como a repressão da ditadura afetou vidas inteiras.
"Ainda Estou Aqui" não é apenas um livro sobre um período sombrio da história do Brasil. É sobre amor, resistência e memória. É um lembrete extremamente poderoso de que certas histórias não podem ser apagadas. E, principalmente, de que lutar para lembrar é uma forma de garantir que não aconteça de novo.
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